Nossa Senhora das Lágrimas de Siracusa
Em 23 de março do ano de 1953. Em
Siracusa encantadora cidade portuária ao sul da Sicília, no dia 23 de março de
1953, num bairro conhecido pelas suas nefastas preferências pelo Partido
Comunista, dois jovens esposos - Angelo Iannuso e Antonina Giusto - estabelecem
sua moradia na rua chamada degli Orti. A princípio, tudo parece correr feliz em
sua vida conjugal. Mas a lua-de-mel passou depressa e algo de muito grave vem
abalar a quietude daquele novo lar. Com efeito, a senhora Antonina passa a
manifestar distúrbios de natureza neurológica, os quais, aliás, iriam complicar
também sua gravidez, no seu sexto mês, bem como a vida do nascituro.
Os sintomas apresentados pela paciente
eram crises convulsivas, perda da palavra, da capacidade visual e também da
consciência. Um quadro patológico peculiar, que iria levantar muitas suspeitas
e tornar ainda mais surpreendente e maravilhoso o que viria a ocorrer naquele
29 de agosto de 1953… De fato, nesse dia, após o marido ter saído para
trabalhar no campo, a senhora Antonina deitara-se ao final de mais uma de suas crises. Eram
8h30 da manhã. De repente, os seus olhos foram atingidos por uma luz fulgurante
e voltaram-se para o quadro de gesso de Nossa Senhora, representando o Coração
Imaculado de Maria, que lhe haviam dado como presente de casamento e que estava
pendurado na parede, à cabeceira da cama. Dos olhos da imagem estavam brotando
duas grossas lágrimas, que foram seguidas de duas outras e de muitas outras
mais....
Relicário que abriga as milagrosas lágrimas De
início, a jovem gestante imaginou estar tendo alguma alucinação, decorrente de
seu estado de enfermidade. Porém, ao constatar que as lágrimas escorriam com
intensidade e frequência cada vez maiores, não tendo forças para levantar-se,
chamou aos gritos os seus familiares: “Venham…Venham ver o quadro de Nossa
Senhora que chora!”. Então, os parentes acudiram, puderam ver a imagem em
prantos e, diante daquele pungente fenômeno, puseram-se também eles a chorar…
Com a velocidade do relâmpago, a
notícia correu por toda a rua degli Orti e alastrou-se através de todo o bairro,
fazendo confluir uma multidão de curiosos e de fiéis que se apinhavam para
constatar, com os próprios olhos, aquele extraordinário acontecimento. Mas não
ficou apenas nisso: para a felicidade e comoção de todos, estando a lacrimação
num fluxo ininterrupto, eles puderam embeber seus lenços e flocos de algodão
para conservar as primeira relíquias daquela pungente cena.
Devido ao enorme afluxo de gente,
o quadro do Imaculado Coração de Maria foi instalado na sacada da janela que
dava para a rua. Ali, enquanto as faces da imagem continuavam sendo regadas por
aquele precioso líquido, havia um ambiente sereno mas filial: ninguém gritava
freneticamente anunciando o milagre, ninguém se agitava, ninguém se
desencadeava em tempestades emotivas… Analisando esse equilibrado comportamento
social, o Professor Giuseppe Marino, neuro-psiquiatra de fama internacional e
especialista em patologias nervosas, especialmente nas que se referem ao campo
místico-religioso, declarou: “As ‘alucinações’ eram vistas concretizar-se numa
realidade palpável, representada pela fluente cascata de pérolas que, como
ficou demonstrado depois nos diversos laboratórios de análises clínicas, eram
lágrimas nas quais notou-se a presença de água distilada, cloreto de sódio e
partículas infinitesimais de substância protéica” – elementos que constituem
uma lágrima humana.
O quadro do Imaculado Coração de
Maria, cujas faces foram regadas pelas lágrimas O prodigioso pranto
prolongou-se, com intervalos irregulares, durante quatro dias. E, assim,
puderam-se contar aos milhares as testemunhas provenientes de todas as
categorias sociais e de várias nacionalidades, porque a imprensa local
alardeara logo o ocorrido, atraindo imediatamente a atenção da imprensa
italiana e, como um rastilho de pólvora, à estrangeira. Ao mesmo tempo,
cine-amadores de todo o mundo filmaram impressionantes seqüências da
lacrimação, as quais hoje estão reunidas numa colossal coletânea realizada pelo
Pe. Sbriglio, do PIME, aos cuidados técnicos da SONY.
Entrementes, o Arcebispo local,
Mons. Ettore Baranzini, julgou melhor proibir momentaneamente os seus
sacerdotes, religiosos e freiras de se aproximarem do local do prodígio.
Ademais, pediu orientações para dois peritos na matéria - o Cardeal Shuster e o
Pe. Gemelli - além de incumbir pessoas de sua inteira confiança de reunirem
todos os elementos (inclusive algumas testemunhas sob juramento) para a redação
de um relatório fidedigno a ser enviado para o competente Tribunal Eclesiástico.
Também devia fazer parte desse dossiê o parecer de uma conspícua comissão
médica constituída de 14 membros, incluindo-se até o Dr. Michele Cassola,
conhecido por seu agnosticismo religioso. O veredicto da mesma havia sido de
que se tratava, efetivamente, de “lágrimas humanas”.
Naqueles dias, Don Giuseppe
Tomaselli, um sacerdote salesiano de Catânia, cidade próxima de Siracusa,
depois de ter dado pouca importância ao fato noticiado pelos jornais, mudou de
idéia e resolveu ir pessoalmente ao local onde ocorriam aqueles portentos. A
imagem miraculosa já havia sido instalada na praça vizinha à rua degli Orti,
para poder abarcar a multidão de peregrinos que vinham pedir - e quantos
obtinham! - as curas da alma e do corpo. O sacerdote acompanhou e presenciou
tais e tantas graças ali concedidas, que resolveu escrever sobre esses fatos um
livro bem detalhado ao qual deu o título História de Nossa Senhora das
Lágrimas, que passou a ser uma das melhores obras de consulta sobre esse
prodígio mariano.
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