Nossa Senhora do Líbano
A admirável aparição em Mantara
aconteceu entre os melquitas, seita copta Cristã . “Copta” deriva da palavra
grega para “Egito” e os coptas da área de Jerusalém são os cristãos que
imigraram do Egito para lá. Nem ricos nem poderosos, os coptas mantêm sua
posição no Santo Sepulcro em Jerusalém com firmeza em face da oposição. O
altar-mor copta, que se apóia na estrutura de mármore que circunda o Túmulo de
Cristo, está firmemente cercado por portas de ferro batido, no interior das
quais brilham velas, lamparinas, pequenos ícones de ouro e um grande e
magnífico ícone de prata, trazido do Egito, e que representa Maria com o Menino Jesus.
Em 1908, Mantara era uma
cidadezinha perto de Saída, Líbano, que, na época da aparição, ainda se chamava
Sidônia, um dos grandes portos marítimos mediterrâneos orientais dos fenícios,
cidade muito antiga, fundada bem antes de 1400 a.C. É mencionada com freqüência
na Bíblia e outrora foi famosa pelos belos arvoredos de cedro (agora
desaparecidos), o comércio ativo, as minas de linhita, as laranjas, os corantes
púrpura e os cristais. Acredita-se que a vidraria tenha sido inventada ali na
época pré-romana.
Mantara, subúrbio de Sidônia,
está em um contraforte ocidental do monte Líbano. Em 1908, entre a montanha e a
cidade de Sidônia, havia alguns agrupamentos de pobres choupanas. Em um desses
povoados (não especificado) havia uma igreja copta cristã, próxima de uma
grande gruta onde, se dizia, que no passado tinham ocorrido diversas aparições
de Santa Maria Madalena e também algumas da Virgem Santíssima. Essas aparições
mais primitivas levaram a descrições transmitidas de pai para filho que
diferenciavam as duas Senhoras – a saber, Santa Madalena era “bela, mas não tão
bela quanto a Santíssima Virgem”. Santa Maria Madalena também “não era tão
majestosa, e era menor que a Santíssima Virgem e mais loira”.
A tradição afirma que a aparição
de Santa Maria Madalena pediu que na gruta reinasse “total silêncio, que
ninguém coma nem beba aqui”. Era “o lugar de profunda expectativa silenciosa
para os que aguardavam com ansiedade a volta de Jesus Cristo”. Assim, parece
que essa tosca gruta ou caverna pouco profunda era aceitacomo lugar de oração
silenciosa e, muitas vezes, visitada em silêncio pelos“esperançosos”. A gruta
era mais profunda e maior que a de Lourdes e, dentro dela, fora construída uma
capelinha com paredes e janelas que, em 1908, aparentemente estavam em
abandono.
Durante o ano de 1908, muita
gente relatou que um “brilho” havia começado a aparecer a intervalos dentro ou
perto da gruta de Mandara, e isso foi considerado indicação de que algo
especial estava para acontecer. Por causa dos relatos dos “brilhos”, o
arquimandrita Nicola Halabi, de Sidônia, começou a celebrar missas ali. Nessa
ocasião, foi erguido um altar, primeiro fora da gruta e depois dentro dela. Em
seguida, dois ou três cômodos de paredes de pedra (citados como “a capela”) foram
restaurados. Embora a notícia do brilho na capelinha deva ter aumentado o interesse
temporário pela gruta, quase quatro anos se passaram antes que alguma coisa
acontecesse.
Em 11 de junho de 1911, de manhã
bem cedo, o arquimandrita Halabi celebrou na gruta uma missa matinal para uns cinquenta
ou sessenta fiéis, aos quais, mais tarde, muitas outras pessoas se juntaram.
Depois de almoçar (evidentemente sem se lembrar da proibição de Maria
Madalena), esse grupo dirigiu-se à igreja do povoado,a um quilômetro dali, e
assistiu a uma pequena celebração para o vice-cônsul francês residente em
Sidônia. Depois dessa celebração, por volta das cinco horas da tarde, umas cinquenta
mulheres voltaram da igreja para a gruta, onde jantaram Lá pelas sete horas da
noite, sete das mulheres aproximaram-se da gruta e de repente sentiram os olhos
ofuscados por uma grande explosão de luz procedente do altar que ficava dentro
da capela a aproximadamente dez metros da entrada da gruta. No começo, as
mulheres pensaram que a explosão de luz fosse um reflexo do sol que se punha
atrás delas. Mas a intensidade da luz aumentou e começou a irradiar muitas
cores maravilhosas.
As mulheres não estavam mais “em
silêncio”, pois suas ruidosas exclamações atraíram outras pessoas para perto da
gruta. Outras sessenta pessoas aglomeraram-se na gruta e todas foram também
ofuscadas pela luz. Parece, então, que a luz foi repentina e muito intensa e
logo se viu que não era o reflexo do sol. A luz era tão forte que ninguém
conseguia olhar diretamente para ela. Porém, logo depois ela se transformou em
nuvens luminosas mais suaves que emitiam lindos e gloriosos raios
multicoloridos e outras luzes brilhantes. Na parte central, estava uma mulher
que foi imediatamente aceita como a Virgem Santíssima, porque trazia nos braços
“Cristo menino”. Todos os que entraram na sala viram a aparição, que durou duas
ou três horas. Pelo menos quatrocentas pessoas foram ver a aparição depois que
a notícia chegou a Sidônia, onde um relato foi publicado nos jornais locais. O
fluxo luminoso emanado pela aparição foi descrito como cor-de-rosa, ligeiramente
ondulado e impregnado por um brilhante núcleo central de um branco dourado e puro.
Esse mesmo núcleo central também caracterizava a aparição da Virgem que estava
banhada nele juntamente com um “Cristo criancinha”. Ambos estavam em silêncio,
mas olhavam para a multidão aglomerada e a Virgem recebia todos afavelmente,
inclinando a cabeça com movimentos dos olhose estendendo as mãos e com um
sorriso agradável. Só se via a metade superior das figuras. Era, então, uma
espécie de quadro vivo que sorria e movia as mãos, aomesmo tempo em que
carregava o Cristo menino.
Durante alguns anos depois de
1911, um grande número de romeiros visitou a gruta anualmente. Mas depois que a
Grande Guerra começou e ganhou terreno, esta aparição passou para a obscuridade.
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